sexta-feira, 11 de março de 2011

Em busca da fantasia perfeita

Eu e Kozmhinsky planejamos sair fantasiados no Carnaval desde o ano passado. Evidente que passou o ano todo e não resolvemos. Vimos algumas vitrines de longe, debatemos algumas idéias e nada. Chegou o Baile Municipal, na véspera não tínhamos coisa alguma.

- Mô, amanhã é o Baile. Precisamos resolver, eu disse.
-Não vamos achar, mas vamos tentar. Que tal de mafioso, eu tenho essa saia, você essa calça preta e o charuto, temos blusas brancas, só falta chapéu e suspensórios, respondeu ela.
Já era de noite.
- Vamos no Paço, falei.
Chegamos. Fomos num quiosque e compramos fitas de cetim que serviriam de suspensório. Na Rua do Bom Jesus, compramos dois chapéus pretos. Aproveitamos e também adquirimos uma blusa e um vestido de chita. Voltamos pra casa...
Vestimos as "fantasias" de mafiosos e não gostamos, ficou péssimo (mais a minha). Resolvemos então ir com as roupas de chita, fiz a barba e saímos frustrados no começo, mas depois felizes. Natália, como referência de moda, influenciou outras quatro pessoas a irem com o mesmo tipo de tecido.

Semana-pré e nenhuma nova providência.

Na véspera de Galo, fomos na Avesso, mas tinha acabado as fantasias, na Farm idem. Procuramos em barracas...nada de interessante. Entramos em outras duas lojas e só encontramos coisas caras e sem graça.

Nisso era sexta 18h, nenhum adereço.

Natália:
- Vamo na galeria Joana D'arc tem uma loja lá.

A loja havia fechado, insistimos.

Natália:
- Moça, deixa a gente olhar.
- Fechamos.
- Por favor.
- Tá. Bem rapidinho.

Entramos

Belíssimas fantasias, bem acabdas, ótimos tecidos, de todos os personagens.

-Moça, essa de Peter Pan tá quanto?, perguntei.
- 60 Reais, ela respondeu.
- Tem Sininho?
- Tem.
- Mô, vamos provar. Tá ótimo o preço.
.
E olhamos em quinze minutos 3 ou 4 pares de fantasias, de Mímico, Princesa... Adoramos.

Eu:
-Quanto é essa cartola? Só a cartola.

Vendedora:
-30 reais.

Eu:
- Só?! Eu quero. E essa bermuda, pode comprar separada?

Vendedora:
- Senhor, aqui é só pra alugar.

- Só pra alugar? PQP, como a gente é besta.

A essa altura, já tínhamos decidido que íamos nos endividar e comprar pelo menos três fantasias cada um.

Tristeza. Resolvemos só levar a de Pierrot e Colombina. Era tudo muito bonito e os tons eram em amarelo e vermelho. Perfeita para o Acho é Pouco, pensamos.

Sábado de Zé Pereira, já havíamos desistido do Galo. Decidimos ir pra Olinda. Quando vestimos nossa bela fantasia, mudamos de ideia: que calor era aquele, insuportável!

Apesar do calor, gostamos da ideia da fantasia e num quiosque de costureiras no Recife Antigo encomendamos um outro par de Pierrot e Colombina, só que preto e branco, tiramos as medidas e marcamos pra pegar no dia seguinte
 
Resolvemos ir só para o Recife Antigo usar as fantasias alugadas, mas logo que eu vesti desisti por conta do calor. Só usei a calça. Natália foi com o traje completo. Tentou fazer uma maquiagem em mim, mas ficou péssimo. Depois de várias tentativas, lavei o rosto. Natália resistiu com a fantasia, mas a roupa incomodou muito ela por toda noite. Andamos por vários pontos até que no Pólo das Fantasias (Praça do Arsenal), eis que surge um casal com um forte sotaque sertanejo:

O cara nem disse boa noite e já saiu emendando um:
- Que Fantasia é essa?

Eu:
- Colombina e Pierrot (pela metade).

A mulher do cara respondeu: - eu sabia.

O cara retrucou:
-Oxe! Pensei que fosse daquele desenho do coelho.

Natália:
- Hã? Que desenho do coelho?

O cara:
- Aquele que tem a menina.

Eu:
- Perna Longa?

Natália:
- Alice?

O cara: É Alice.

E caímos na gargalhada. Foi esse o primeiro e único reconhecimento da nossa fantasia.

Na segunda, conseguimos buscar as roupas na costureira. Quando chegamos em casa provamos. A minha ficou na medida, a de Natália não. Cabiam três dela dentro. Terrível!

Na terça, resolvi usar apenas a bermuda quadriculada da minha fantasia e um chapéu de "sambista da Mangueira" (verde com uma fita rosa).  Natália fez uma composição linda, mas abstrata. Fomos encontrar com a minha mãe e paramos pra almoçar no Pina. Quando saímos, percebi que a mala estava aberta. Parei o carro e desci, quando fechei o vento forte arrancou o chapeu da minha cabeça e ele correu em velocidade por entre os carros de forma que não podemos recuperar. Na mesma noite, Natália também perdeu um de seus adereços.

Fim da terça-feira e da nossa saga em prol das fantasias carnavalescas. Nos aguardem no próximo ano, vai ser tudo bem planejado e mais barato. Será?